MP denuncia casal por transfobia contra fisiculturista em academia

O MPPE (Ministério Público de Pernambuco) apresentou à Justiça denúncia contra Kerolaine Klécia da Silva e Marcos Aurélio Mendes Leite, acusados de hostilizar a personal trainer e fisiculturista Kely da Silva Moraes, conhecida como "Monster" em uma academia no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
O órgão pede que o casal responda por transfobia, crime equiparado ao racismo e à injúria racial, e solicita o pagamento de R$ 20 mil de indenização por danos morais para cada um dos denunciados.
O fato ocorreu em 26 de maio, quando Kely Moraes, mulher cis e negra, relatou ter sido impedida de usar o banheiro feminino da academia, no bairro de Boa Viagem, no Recife, por Kerolaine Klécia, que a teria confundido com uma mulher trans.
A abordagem gerou discussão. O marido dela, Marcos Aurélio, chegou e também teria participado da confusão. Parte da cena foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais. Nas imagens, a vítima rebate as falas do casal, enquanto outra aluna sai em sua defesa.
Kely classificou o caso como constrangedor, humilhante e discriminatório. Já os denunciados afirmam que tudo foi um “mal-entendido” e negam intenção de ofender, alegando terem sofrido ameaças após a repercussão.
Segundo o MPPE, a investigação apontou que a vítima foi constrangida. O promotor responsável sustentou que não há possibilidade de acordo de não persecução penal, por se tratar de delito motivado por preconceito, mesmo sem violência física grave.
A denúncia foi protocolada na 12ª Vara Criminal da Capital após a conclusão do inquérito conduzido pela Polícia Civil. A defesa, no entanto, critica o andamento da apuração.
O advogado Kleber Freire afirmou que recebeu “com surpresa e perplexidade” a remessa do caso à Central de Inquéritos sem que o casal fosse ouvido “na integralidade” e sem retorno a reclamações apresentadas à chefia da corporação e à Comissão de Prerrogativas da OAB-PE.
Ele alega que houve impedimento ilegal à formulação de perguntas no interrogatório e que isso poderia levar à nulidade do procedimento, além de configurar abuso de autoridade.
O caso segue na Justiça, que decidirá se recebe ou não a denúncia para abertura de ação penal.