Ovo de dinossauro de 70 milhões de anos é achado intacto na Patagônia

Novembro 3, 2025 - 21:33
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Ovo de dinossauro de 70 milhões de anos é achado intacto na Patagônia
YouTube/Veo Noticias/Reprodução

Em 7 de outubro de 2025, a estepe da Patagônia argentina se tornou palco de um dos momentos mais impressionantes da paleontologia moderna. Durante uma transmissão ao vivo no YouTube, cientistas descobriram um ovo de dinossauro carnívoro fossilizado, um achado de extrema raridade — tanto pela conservação quase perfeita quanto pela oportunidade inédita de acompanhar a descoberta em tempo real.

A cena ocorreu no sítio paleontológico de Rio Negro, e foi liderada por Federico Agnolín, pesquisador do Conicet (Instituto Nacional de Ciências Naturais da Argentina). No vídeo da Expedición Cretácica I, que rapidamente viralizou, um dos participantes descreveu o momento com entusiasmo:

“Encontramos um pequeno ninho. Pensamos: ‘Será que é de uma ema?’. Quando começamos a desenterrar, percebemos que era algo completamente diferente. Isso é absolutamente insano”, relatou o pesquisador.

Os paleontólogos acreditam que o ovo possa pertencer a um terópode, grupo de dinossauros carnívoros ancestrais das aves modernas.

Um fóssil quase intacto e de valor científico inestimável

O estado de preservação do ovo foi descrito como “quase perfeito”, algo extremamente incomum em fósseis de cerca de 70 milhões de anos. Segundo os cientistas do Conicet, isso abre possibilidades únicas para análises microanatômicas, especialmente se houver um embrião em seu interior.

“Um embrião é um organismo muito delicado. Embora o ovo tenha se preservado completo, não sabemos se havia um embrião que morreu, ou se era um ovo não fertilizado”, explicou o técnico em paleontologia Gonzalo Leonel Muñoz, do Museu Argentino de Ciências Naturais, em entrevista à National Geographic.

O fóssil será submetido a microtomografias de alta resolução, que permitirão examinar o interior sem causar danos. Se confirmado, um embrião fossilizado poderá oferecer respostas sobre a biologia reprodutiva dos terópodes e os elos evolutivos entre dinossauros e aves.

Patagônia: um tesouro do Cretáceo

A Patagônia argentina é considerada um dos territórios mais ricos em fósseis do planeta. Ali foram descobertos gigantes como o Argentinosaurus, um dos maiores dinossauros herbívoros já conhecidos, e o Giganotosaurus, um dos maiores predadores terrestres da história.

Em Rio Negro, o mesmo local onde o ovo foi encontrado, pesquisadores já haviam descoberto, em 2024, a garra do Bonapartenykus ultimus, um dinossauro carnívoro endêmico da Argentina. A atual expedição também revelou dentes de mamíferos primitivos, vértebras de serpentes ancestrais e fósseis de hadrossauros e pequenos saurópodes.

“Essa abundância nos permite descrever uma biota inteira e compreender como era a vida no final da era dos dinossauros”, afirmou Muñoz. “A Patagônia é uma janela excepcional para o período final do Cretáceo, um laboratório natural da evolução.”

Entre ciência e emoção

O momento em que o ovo foi retirado do solo, transmitido ao vivo, emocionou tanto o público quanto os próprios pesquisadores. A iniciativa de exibir a escavação faz parte do compromisso do Conicet com a divulgação científica e a educação ambiental.

Para Muñoz, a descoberta simboliza a união entre rigor científico e encantamento humano:

“Pode acontecer que vejamos uma linhagem que ainda não conhecemos, ou que entendamos como se desenvolviam os ovos dos dinossauros do final da era cretácea. De qualquer forma, estamos diante de uma peça que pode mudar o que sabemos sobre a vida pré-histórica.”

O “ovo de Rio Negro” agora passa a integrar a lista de achados mais significativos da paleontologia moderna — um testemunho silencioso de um mundo que existiu há dezenas de milhões de anos e que, de forma surpreendente, continua a revelar seus segredos.