Jovem de 27 anos descobre câncer de pulmão após uso excessivo de cigarro eletrônico

agosto 12, 2025 - 20:21
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Jovem de 27 anos descobre câncer de pulmão após uso excessivo de cigarro eletrônico

O que começou como uma tentativa de se enturmar na adolescência terminou mudando a vida de Laura Beatriz Nascimento, 27 anos, brasiliense. Depois de anos usando cigarros eletrônicos, ela recebeu o diagnóstico de câncer de pulmão no final de 2024.

A primeira experiência com nicotina veio aos 14 anos, quando resolveu experimentar um cigarro por influência de amigos. O uso era esporádico e ficou pouco intenso por alguns anos.

A situação ganhou contornos mais graves em 2016, quando passou de 17 para 18 anos. Laura foi fazer intercâmbio na Nova Zelândia e, por lá, conheceu o cigarro eletrônico. Durante esse período, passou a fumar com mais frequência, tanto vaporizadores quanto cigarros tradicionais.

Ao retornar ao Brasil, ela abandonou o tabaco comum e passou a usar apenas ocasionalmente. “Quando voltei, fiquei com ranço de cigarro. Passei a fumar apenas tabaco, principalmente quando bebia”, relata.

Vício no vape
Com o tempo, Laura voltou a usar o cigarro eletrônico durante a pandemia de Covid-19, em 2020, ao conhecer o pod descartável. Ela acreditava que o aparelho seria menos prejudicial e que reduziria a nicotina, mas, na prática, o vício se intensificou.

“Antes, quando fumava tabaco, conseguia ficar três meses sem fumar. Com o pod, fiquei dependente e passei a fumar todos os dias. Não conseguia ficar sem,” comenta.

Essa dependência também trouxe gastos frequentes. Hoje, um pod descartável varia de cerca de R$ 50 a R$ 250. Laura costumava comprar um a dois por mês e, quando não havia dinheiro, arranjava trabalhos temporários ou recebia apoios de amizades.

Sinais ignorados e diagnóstico
Apesar da dependência, Laura levou uma vida fisicamente ativa, com treinos na academia, corrida e ciclismo. No entanto, notava que seu desempenho não melhorava e acordava com respiração ofegante, atribuindo o cansaço ao álcool e ao ritmo social.

Em novembro de 2024, os sintomas se acentuaram. Ela começou a tossir com frequência e sentiu dores nas costas ao tossir. Pensou estar gripada, e, uma semana antes de viajar para a Bahia com amigos, decidiu buscar atendimento médico por precaução.

O que parecia uma consulta de rotina se transformou em internação imediata. Exames indicaram câncer no pulmão, e a equipe médica decidiu pela cirurgia para retirada de parte do pulmão e linfonodos comprometidos.

Riscos do uso excessivo de cigarros eletrônicos
Os vaporizadores ganharam popularidade entre o público jovem no Brasil. Embora muitas pessoas vejam o vape como uma alternativa menos nociva ao cigarro tradicional, ele contém substâncias tóxicas que, a longo prazo, podem causar doenças pulmonares graves e problemas cardíacos.

O visual moderno, os aromas doces e o cheiro mais agradável do vape o tornam mais atraente, especialmente para jovens. No entanto, por trás dessa aparência, está o risco: a concentração de nicotina costuma ser elevada, o que aumenta a chance de dependência.

Mesmo sem queimar tabaco, os cigarros eletrônicos podem colocar a saúde em risco, com casos de EVALI — lesão pulmonar aguda relacionada ao uso de vape, especialmente quando há THC na fórmula.

“Quanto à dependência, tanto o cigarro quanto o vape são viciantes por causa da nicotina, mas os dispositivos eletrônicos podem entregar doses maiores e mais rápidas, potencializando o risco de dependência,” afirma o pneumologista Fabrício Sanches, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.

Recuperação e atualização
Determinada a se recuperar, Laura seguiu as orientações médicas e passou a manter rotina de exercícios para ajudar a expandir o pulmão. A partir de abril, voltou à academia e passou a nadar semanalmente.

Os resultados já aparecem: mesmo após a cirurgia, Laura quebrou seus próprios recordes na corrida, algo impensável quando usava vaporizadores. Hoje, ela também atua online, compartilhando sua história para conscientizar jovens sobre os malefícios do uso de cigarros eletrônicos.

“ Sempre há tempo de parar. Se você fuma há pouco tempo, pare agora, porque depois fica muito mais difícil. A nicotina é um dos vícios mais difíceis de largar, e os cigarrinhos eletrônicos carregam muita nicotina. Se recair, tente de novo. Uma hora você consegue.”