Teste de DNA resolve enigma de Virgem Maria que chorava sangue

fevereiro 25, 2025 - 17:04
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Teste de DNA resolve enigma de Virgem Maria que chorava sangue

A história de um possível milagre em Trevignano, Itália, ganhou novos contornos após uma investigação científica que levantou dúvidas sobre a autenticidade do fenômeno. Desde 2016, a imagem da Virgem Maria na localidade, que supostamente chorava sangue, atraía peregrinos e era vista por muitos como uma manifestação divina. No entanto, um exame recente revelou que o sangue encontrado na estátua da Virgem Maria coincide com o material genético de Gisella Cardia, a autoproclamada vidente que organizava as grandes peregrinações, o que trouxe à tona questões sobre a veracidade do acontecimento.

De acordo com o Bible Dictionary, milagres são manifestações do poder divino ou espiritual, ocorrendo de maneira extraordinária e sem explicação científica conhecida, sugerindo até uma violação das leis naturais. No caso de Trevignano, o fenômeno parecia seguir essa definição, mas a descoberta de que o sangue era humano e possuía a mesma origem genética de Cardia colocou em dúvida a natureza sobrenatural do evento.

A Universidade de Roma Tor Vergata, que conduziu o exame, confirmou que o líquido vermelho na estátua não se tratava de sangue de porco ou tinta, como algumas hipóteses sugeriam anteriormente, mas sim de sangue humano. Isso contradizia a narrativa que Cardia havia promovido, de que as lágrimas de sangue eram um milagre divino, originadas da Virgem Maria.

Desde 2016, Gisella Cardia havia relatado visões de Maria e Jesus em Trevignano, frequentemente organizando grandes encontros públicos com orações e celebrações centradas nas aparições. O fenômeno se intensificou quando a estátua da Virgem Maria supostamente começou a chorar sangue, gerando um culto fervoroso em torno do local. No entanto, o culto logo se tornou excessivo para a Igreja Católica, que em março de 2024 proibiu qualquer evento religioso público ou privado relacionado ao suposto milagre, como missas e peregrinações, afirmando que a Igreja não reconhecia o fenômeno como um milagre. Em seguida, o Vaticano seguiu a mesma linha e declarou que o sangue da Virgem de Trevignano não possuía caráter sobrenatural.

Enquanto isso, as autoridades italianas continuam a investigar o caso sob a supervisão do geneticista forense Emiliano Giardina, com os resultados finais da perícia programados para 28 de fevereiro. A investigação se estende também a questões fiscais e jurídicas, já que peregrinos têm acusado Cardia de fraude e enriquecimento ilícito, solicitando a devolução das doações feitas. O teste de DNA foi realizado como parte das investigações fiscais, em busca de evidências de possíveis irregularidades.

A defesa de Gisella Cardia, representada pela advogada Solange Marchignoli, questiona os resultados do exame, argumentando que o DNA encontrado pode ser um perfil misto, uma vez que sua cliente tocava e beijava a estátua frequentemente. A advogada defende que é necessário aguardar os resultados oficiais antes de tirar conclusões definitivas sobre o caso.

Enquanto isso, alguns fiéis permanecem firmes na crença de que o evento é, de fato, um milagre. Eles questionam a validade do teste genético, argumentando que o DNA da Virgem Maria nunca poderia ser conhecido, o que, segundo eles, enfraquece a acusação de fraude.

O caso de Trevignano continua a dividir opiniões, levantando questionamentos sobre a linha tênue entre fé, ciência e possível fraude. O desfecho da investigação poderá esclarecer se o fenômeno será lembrado como um milagre genuíno ou como um evento envolvendo engano e manipulação.