Técnica de enfermagem entubada após contaminação em hospital do ES não responde ao tratamento: ‘pulmão não reage’, diz marido

A técnica de enfermagem Giani Coutinho, de 49 anos, está internada em estado grave após apresentar sintomas de uma contaminação de origem ainda não identificada no Hospital Santa Rita, em Vitória (ES). Giani trabalha há 14 anos no centro cirúrgico da unidade e está entubada, sem responder ao tratamento.

O caso faz parte de um surto biológico que levou à internação de 14 funcionários do hospital, que atende pacientes das redes pública e privada. As internações começaram há mais de uma semana, mas o caso veio a público nesta sexta-feira (24). Alguns dos profissionais afetados já receberam alta, mas outros seguem internados, sendo dois em UTI.

Segundo o marido da técnica, Carlos Reis Matos dos Santos, o quadro de saúde da esposa é crítico.

“Ela não reage aos medicamentos. O pulmãozinho dela está muito comprometido. A única posição em que ela consegue reagir minimamente é quando está de bruços”, relatou.

Carlos contou que os primeiros sintomas surgiram em 15 de outubro, com tosse, febre e dores no corpo.

“A imunidade dela é muito baixa, então tudo evoluiu muito rápido. Foi da enfermaria para a UTI, e logo depois precisou ser entubada”, afirmou.

Ainda segundo ele, o boletim médico não apresenta sinais de melhora:

“O boletim é constrangedor. Eles não sabem o que fazem. O boletim é: ‘Carlos, infelizmente ela não reagiu às medicações’”, lamentou.

Hospital investiga origem da contaminação

Em nota, o Hospital Santa Rita confirmou que ao menos 14 colaboradores apresentaram sintomas como febre, tosse e falta de ar. A suspeita é de contaminação por bactéria ou fungo, mas a origem ainda é investigada. Amostras foram enviadas para laboratórios de referência em São Paulo, e o caso é acompanhado por infectologistas e técnicos da Vigilância Sanitária.

O secretário de Saúde do Espírito Santo, Tyago Hoffmann, disse em entrevista à TV Gazeta que a principal linha de investigação aponta para uma causa ambiental dentro da unidade.

“Provavelmente é alguma causa ambiental, porque contaminou esses profissionais de saúde e não contaminou outros. Pode ser água, alguma superfície onde se alimentam ou até o ar-condicionado de uma sala de descanso”, explicou.

A possibilidade de contaminação por vírus foi praticamente descartada. Até o momento, não há registros de pacientes infectados, apenas funcionários.

Como medida preventiva, o hospital lacrou bebedouros e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) iniciou a coleta de amostras ambientais e biológicas para identificar o agente causador.

Serviços seguem funcionando

Embora oficialmente nenhum serviço tenha sido interrompido, alguns profissionais optaram por adiar cirurgias eletivas, por precaução.

“Alguns profissionais, por excesso de zelo, decidiram adiar os procedimentos. O hospital não cancelou nenhum serviço, mas houve prudência em alguns casos”, explicou o secretário Tyago Hoffmann.

O que diz o Hospital Santa Rita

Em nota oficial, o hospital informou que:

• O número de casos está em curva decrescente, sem novas internações desde 22 de outubro;

• Dos 14 internados, seis permanecem em enfermaria e um na UTI, com evolução clínica favorável;

• Nenhum paciente internado apresentou sintomas semelhantes;

• O hospital reforçou protocolos de vigilância e segurança, e coopera com as autoridades sanitárias;

• Todos os serviços e atendimentos seguem em funcionamento normal.

O hospital também expressou solidariedade aos profissionais afetados e reafirmou o compromisso com a transparência e a segurança assistencial.

Enquanto as investigações seguem, familiares como o de Giani Coutinho vivem momentos de angústia. A equipe médica e a Vigilância Sanitária esperam que os resultados dos exames laboratoriais ajudem a esclarecer a origem da contaminação e a impedir novos casos.