Bezerra nasce com duas cabeças e chama atenção de moradores no interior do Piauí
Uma bezerra nasceu com duas cabeças na quinta-feira (4), no município de Pimenteiras, no interior do Piauí, causando espanto e curiosidade entre moradores da região. O caso raro ocorreu em uma propriedade rural do produtor Francisco Monteiro, que relatou a surpresa diante da situação.
“Todo mundo ficou assustado e admirado. Muita gente veio ver de perto”, contou Francisco. Segundo ele, a gestação transcorreu sem problemas aparentes, mas o parto foi difícil e precisou da ajuda dele e do cunhado. “A vaca sofreu muito, estava sem condição de ganhar o filhote sozinha e nós ajudamos puxando. Fizemos nossa parte”, relatou.
Apesar da anomalia, a bezerra nasceu viva, embora apresente grandes dificuldades de sobrevivência. Francisco afirmou que este é o primeiro caso registrado em sua propriedade em 10 anos. “Eu só tinha visto casos assim na internet. Achava que era montagem, não acreditava que fosse real. Agora que vi com meus próprios olhos, acredito”, disse.
Após o parto, a vaca, chamada Mimosa, ficou bastante debilitada e ainda não consegue se levantar para alimentar o filhote. A bezerra também não consegue ficar em pé e tem sido alimentada com ovos. “Ela levanta e cai. Uma das cabeças é torta e pesa para o lado. Com certeza não escapa”, lamentou o produtor.
Francisco explicou que, apesar de possuir duas cabeças, o animal tem apenas uma garganta e o corpo totalmente formado. “A outra parte é toda normal. Ela nasceu uma bezerra perfeita e saudável, só tem esse defeito. As duas cabeças são iguais”, afirmou. Mesmo diante do prognóstico desfavorável, ele disse que não pretende sacrificar o animal. “Vou deixar nas mãos de Deus e fazer o que puder para manter ela viva.”
Dicefalia: entenda a anomalia
De acordo com o professor de genética animal Lindenberg Sarmento, a condição apresentada pela bezerra é chamada de dicefalia, uma forma específica de gemelaridade siamesa, classificada como diprosopia. Trata-se de uma anomalia rara, causada por distúrbios no desenvolvimento embrionário e fatores genéticos.
“O fenômeno ocorre quando um zigoto, um óvulo fertilizado, inicia o processo de divisão para formar gêmeos idênticos, mas essa divisão é interrompida tardiamente e permanece incompleta. Como resultado, forma-se um único embrião com fusão parcial, geralmente na região craniana”, explicou o especialista.
Segundo Lindenberg Sarmento, animais com essa condição raramente sobrevivem por muito tempo. “Na maioria dos casos, não sobrevivem além do nascimento ou vivem apenas por horas ou dias. É uma condição invariavelmente incompatível com a vida a longo prazo”, destacou.
O professor também orientou produtores rurais sobre práticas para reduzir o risco de anomalias genéticas, como controle rigoroso da genealogia do rebanho, planejamento de acasalamentos, introdução periódica de novos reprodutores, registro e investigação de malformações, além da busca por assessoria especializada em genética animal.