Após quase 140 anos, “navio fantasma” é encontrado
Um mistério que intrigou caçadores de naufrágios por quase 140 anos chegou ao fim. Pesquisadores da Wisconsin Underwater Archeology Association, em parceria com a Wisconsin Historical Society, localizaram o lendário veleiro F.J. King, que afundou durante uma tempestade no Lago Michigan, em setembro de 1886.
O navio de madeira, construído em 1867, tinha 44 metros de comprimento e transportava principalmente grãos, além de minério de ferro e madeira, em uma época em que Wisconsin era conhecido como o celeiro dos Estados Unidos. Após 19 anos de operação, uma forte tempestade rompeu o casco e fez a embarcação afundar. O capitão William Griffin ordenou a evacuação da tripulação, que sobreviveu ao naufrágio.
Nas semanas seguintes ao acidente, faroleiros e pescadores relataram avistar os mastros do navio ou encontrar destroços, mas todas as tentativas de localização falharam ao longo das décadas. A história do F.J. King acabou se tornando uma lenda entre caçadores de naufrágios da região.
Segundo o historiador marítimo Brendon Baillod, líder do projeto, a descoberta só foi possível após a análise de um antigo artigo de jornal que indicava a provável posição do naufrágio. A equipe, composta por cientistas e mergulhadores voluntários, encontrou o navio em junho deste ano, a menos de 800 metros do ponto indicado por registros históricos, utilizando sonar.
O casco da embarcação está “notavelmente intacto” a cerca de 50 metros de profundidade. Dois veículos subaquáticos confirmaram a identidade do navio. “Foi inacreditável. Nossos membros foram os primeiros seres humanos a ver esse navio desde 1886”, disse Baillod.
Um cemitério de naufrágios
O Lago Michigan e os demais Grandes Lagos abrigam milhares de embarcações naufragadas. Estima-se que cerca de 6.000 navios comerciais estejam no fundo dessas águas, resultado do intenso tráfego do século XIX e das tempestades violentas da região. Apenas no Lago Michigan, mais de 200 ainda aguardam para serem encontrados.
O avanço da tecnologia e a maior clareza das águas — causada pela presença de moluscos invasores que filtram a água — têm acelerado as descobertas nos últimos anos. Para especialistas, este é considerado um período de “era de ouro” para os caçadores de naufrágios.
A NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA) tem um projeto para mapear todo o fundo dos Grandes Lagos até 2030, o que deve revelar todos os navios perdidos. Até lá, Baillod e sua equipe prometem continuar explorando e levando cientistas cidadãos em novas expedições.
