Vice-prefeita é denunciada por usar verba pública para contratar mãe de santo

A vice-prefeita e secretária de Saúde de Ribeira (SP), Juliana Maria Teixeira da Costa, foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por associação criminosa e peculato, acusada de desviar R$ 41,2 mil dos cofres públicos para realizar um suposto "casamento espiritual", conhecido também como amarração amorosa, com um servidor público.
De acordo com a denúncia, o valor teria sido repassado a uma mãe de santo conhecida como Mentora Samantha, por meio da empresa W.F. da Silva Treinamentos, contratada pela prefeitura. O objetivo da ritualística seria afastar o coordenador municipal de Saúde, Lauro Olegário da Silva Filho, da esposa, e fazer com que ele se envolvesse afetivamente com Juliana.
Além da vice-prefeita, também foram denunciados Lauro Olegário, técnico de enfermagem e coordenador da Saúde, e Willian Felipe da Silva, proprietário da empresa utilizada na transação suspeita.
Fraude e pagamentos relâmpago
Segundo o MP, os investigados fraudaram dois pregões presenciais para favorecer a empresa de Willian Felipe, que recebeu o dinheiro por serviços que nunca foram prestados. Uma nota fiscal falsa, referente a supostos serviços médicos prestados entre 1º e 21 de agosto de 2024 — período em que a Estratégia de Saúde da Família estava inoperante — foi emitida e pagamento foi realizado apenas 12 minutos depois.
O montante foi então repassado por Willian a um terceiro, que teria ligação com a mãe de santo. Capturas de tela e relatos publicados nas redes sociais por um vereador da cidade foram cruciais para a investigação.
A Mentora Samantha teria confirmado ao MP que foi, de fato, contratada por Juliana para realizar um trabalho espiritual que resultasse na separação de Lauro e sua esposa.
Medidas cautelares
Diante da gravidade do caso, o MP-SP solicitou à Justiça o afastamento imediato de Juliana dos cargos de vice-prefeita e secretária de Saúde, e de Lauro de todas as funções públicas. Também foram pedidas:
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Proibição de acesso às dependências da prefeitura e secretarias;
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Proibição de contato com testemunhas e servidores da saúde, compras, licitação, contabilidade e tesouraria;
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Proibição de mudança de endereço ou ausência da comarca sem autorização;
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Reparação mínima dos danos, fixada em R$ 41,2 mil.
Outras irregularidades
A promotoria ainda aponta que Lauro acumulou pagamentos indevidos, incluindo ressarcimentos de viagens não comprovadas e prestações genéricas de serviços em diversas áreas, como jardinagem, informática, gráfica e sublimação de camisetas, além de sua função na enfermagem — todos pagos com verba da saúde.