Garçom é condenado a 32 anos de prisão por matar mulher durante discussão no preço de programa
O Tribunal do Júri de Fortaleza condenou, nesta quinta-feira (23), o garçom Antônio Carlos Sousa Pereira a 32 anos, 6 meses e 15 dias de prisão, em regime inicialmente fechado, pelo assassinato de Bruna Gonçalves, de 30 anos. O crime ocorreu em outubro de 2024, no bairro Varjota, e teria sido motivado por uma discussão envolvendo uma diferença de R$ 50 no valor de um programa sexual.
De acordo com as investigações, Bruna foi até a casa do acusado após ser contratada por meio de um site de acompanhantes de luxo. Antônio afirmou que o valor combinado seria R$ 350, mas a vítima teria cobrado R$ 400, quantia que ele disse não ter. A discussão entre os dois acabou em tragédia: Antônio desferiu golpes de faca contra a mulher, que morreu no local.
O réu foi preso em flagrante e confessou o crime à polícia, alegando ter agido “por impulso” e sob o efeito de cocaína. Durante o julgamento, o Conselho de Sentença da 5ª Vara do Júri de Fortaleza considerou o homicídio qualificado por motivo torpe.
Além da pena de prisão, o garçom foi condenado a pagar R$ 13,5 mil de indenização por danos morais à família de Bruna. Ele não poderá recorrer em liberdade.
Natural de Tejuçuoca, no interior do Ceará, Antônio trabalhava como garçom em uma churrascaria no bairro Meireles. Em depoimento, contou que, na madrugada do crime, havia usado drogas e decidido procurar garotas de programa. Após o encontro com Bruna, teria tentado conseguir dinheiro emprestado para pagar o valor exigido, mas não conseguiu.
Segundo a versão do acusado, a vítima teria pego uma faca para ameaçá-lo, e ele reagiu, tomando a arma e golpeando-a. A polícia, no entanto, considerou o ato desproporcional e caracterizou o caso como feminicídio não íntimo, já que vítima e agressor não mantinham relação anterior.
No local do crime, os investigadores encontraram cerca de R$ 470, mas não foi possível determinar se o dinheiro pertencia à vítima ou ao acusado.
Bruna, mãe de três filhos pequenos — de 2, 3 e 7 anos —, vivia com um amigo no bairro Montese. Segundo familiares, ela mantinha pouco contato com a família devido à distância.
O caso gerou comoção nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a violência de gênero e a vulnerabilidade de mulheres em contextos de prostituição.