“Cortaram a cabeça e botaram em uma estaca de troféu”, diz mãe de Ravel do CV morto em operação no Rio

Outubro 31, 2025 - 14:34
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“Cortaram a cabeça e botaram em uma estaca de troféu”, diz mãe de Ravel do CV morto em operação no Rio
Reprodução/Bnews

A mãe de Yago Ravel Rodrigues Rosário, conhecido como “Ravel do CV”, fez um forte desabafo em frente ao Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, após reconhecer o corpo do filho, morto durante a megaoperação policial que já deixou mais de 100 pessoas mortas nos complexos da Penha e do Alemão.

Em prantos, Rakhel Rios afirmou que o corpo do jovem, de 19 anos, não apresentava marcas de tiros, mas sim sinais de espancamento e decapitação. Segundo ela, o filho teria sido “espancado e depois decapitado” durante a ação policial.

“Meu filho não teve marca de tiro. Cortaram a cabeça e botaram em uma estaca como troféu. Ele foi espancado e depois decapitado”, disse a mãe, em relato emocionado diante do IML.

O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Capital (DHC), que apura as circunstâncias da morte.

De acordo com a certidão de óbito obtida pelo portal Bacci Notícias, a causa da morte foi descrita como “secção medular cervical, múltiplos ferimentos cortantes e fraturas de ossos da face”. O documento também aponta “ruptura do couro cabeludo com exposição do conteúdo encefálico”, o que indica uma morte causada por ferimentos graves e violentos.

Operação mais letal do Rio

A Operação Contenção, deflagrada pelas forças de segurança do Rio de Janeiro, já é considerada a mais letal da história do estado. Segundo balanço da Polícia Civil, o número de mortos chegou a 121, incluindo quatro policiais. Além das mortes, 113 pessoas foram presas.

Entre os detidos, estão nomes apontados como importantes lideranças do Comando Vermelho (CV), como Lucas Santos Barbosa, considerado chefe do tráfico em Feira de Santana (BA); Robert da Silva de Jesus (Siri), com histórico de prisões anteriores; e Rauflan Santos Costa, procurado por tráfico e uso de documentos falsos.

Outros presos incluem Pedro Henrique Mascarenhas Ribeiro (Gago ou Cabeção), Marlon Niza dos Santos Júnior (Leleu) e Felipe de Jesus do Rosário, todos com passagens por crimes graves.

As autoridades afirmam que a operação teve como objetivo desarticular o núcleo do Comando Vermelho responsável por coordenar ações criminosas em diversos estados do país. No entanto, o alto número de mortos e as denúncias de excessos e execuções têm provocado forte reação de familiares, entidades de direitos humanos e organizações civis, que cobram transparência nas investigações.

O corpo de Yago Ravel Rodrigues Rosário será sepultado nos próximos dias. A família pede justiça e que a morte do jovem seja investigada com rigor.