Múmias de até 12 mil anos revelam técnica inédita de mumificação. Entenda

Setembro 16, 2025 - 15:44
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Múmias de até 12 mil anos revelam técnica inédita de mumificação. Entenda
Hung et al., PNAS , 2025

Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revelou a descoberta de múmias humanas de até 12 mil anos em cavernas e sítios arqueológicos no sul da China e Sudeste Asiático. O achado desafia a ideia de que a prática de mumificação teria surgido apenas no Egito ou entre os povos da América do Sul.

Técnica surpreendente para a época

As análises, realizadas em ossos de dezenas de indivíduos, identificaram sinais de exposição prolongada a calor moderado e fumaça, resultado de exames avançados como difração de raios X e espectroscopia. Segundo os pesquisadores, os corpos eram colocados sobre fogueiras que liberavam fumaça constante, um processo capaz de secar os tecidos e retardar a decomposição.

Essa técnica de defumação lenta é inédita para o período e teria permitido que restos humanos fossem preservados em uma região de clima tropical e úmido, normalmente desfavorável à conservação de materiais orgânicos.

Um novo marco na história da mumificação

Até então, os registros mais antigos conhecidos eram dos povos Chinchorro, no Chile e no Peru, datados de cerca de 7 mil anos atrás. Com essa descoberta, a linha do tempo da prática da mumificação se estende em pelo menos 5 mil anos.

Os pesquisadores também observaram que muitos corpos estavam em posição encolhida e apresentavam marcas de fuligem, reforçando a hipótese de que não se tratava de preservação natural, mas de um processo intencional e ritualístico.

Significado cultural

Para os arqueólogos, a descoberta indica que já havia, naquela época, cuidado simbólico com os mortos, possivelmente ligado a rituais de ancestralidade. No entanto, nem todos os enterramentos analisados apresentaram sinais claros de exposição ao calor ou à fumaça, o que pode indicar variações regionais nas práticas funerárias ou diferenças nas condições de preservação.

Impacto no entendimento histórico

O estudo amplia a compreensão sobre as origens da mumificação e sugere que a prática não surgiu em um único ponto da história, mas em diferentes culturas e períodos, conectando sociedades pré-históricas em torno da mesma preocupação: manter seus mortos presentes por mais tempo entre os vivos.