Dentista morre em cela e família acusa PM de confundir infarto com embriaguez

Um dentista e servidor público federal, identificado como Cezar Maurício Ferreira, morreu no último sábado (19) em São José, na Grande Florianópolis, após sofrer um infarto que teria sido confundido com embriaguez ao volante por policiais militares, segundo denúncia da família.
Na noite anterior, Cezar perdeu o controle do carro e sofreu um acidente. Ao chegar ao local, a Polícia Militar interpretou que ele dirigia sob efeito de álcool, alegando sinais de desorientação e respiração alterada, e o conduziu à Central de Plantão Policial.
De acordo com o advogado Wilson Knöner, que representa a família, os sintomas eram de um infarto em andamento, mas foram interpretados de forma equivocada pelos agentes.
“Foi um puro achismo subjetivo, sem respaldo técnico. Nem os próprios policiais concordaram entre si sobre os sinais de suposta embriaguez”, declarou Knöner.
Já na delegacia, Cezar foi colocado em uma cela e encontrado morto na manhã seguinte.
Luto e investigação
O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, onde Cezar atuava como servidor, lamentou a morte, descrevendo-o como um profissional respeitado e querido pelos colegas, e declarou que vai acompanhar o caso para garantir que a apuração seja feita com rigor.
Divorciado, Cezar deixa dois filhos, Allan (32) e Gabriel (28).
“Meu pai foi meu maior exemplo de integridade e amor pela vida. Ele tinha o dom raro de transformar momentos difíceis em algo suportável, com um sorriso ou uma palavra acolhedora”, disse Allan.
A Polícia Civil de Santa Catarina informou que o Delegado-Geral Ulisses Gabriel determinou a elaboração de um relatório de inteligência para apurar o caso com a máxima urgência.