Ativista trans é morta a socos e chutes pelo ex-companheiro; crime é investigado como feminicídio

Uma mulher trans de 45 anos foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro na tarde dessa segunda-feira (20/10), em uma rua do bairro Venda Nova, em Belo Horizonte (MG). A vítima, identificada como Christina Maciel Oliveira, era uma conhecida ativista e mobilizadora social da comunidade trans na capital mineira.
De acordo com a Polícia Militar, o suspeito — Matheus Henrique Santos Rodrigues, de 24 anos — foi preso em flagrante logo após o crime e confessou ter matado Christina porque “não aceitava o fim do relacionamento”.
Crime ocorreu em via pública
Testemunhas relataram que os dois começaram a discutir no meio da rua e, em seguida, Matheus passou a agredir Christina com socos. Quando ela caiu na calçada, o agressor continuou o ataque com vários chutes na cabeça.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas Christina não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O suspeito permaneceu na cena do crime até a chegada da polícia e foi levado para a delegacia.
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga o caso como feminicídio. O corpo da vítima foi sepultado nesta terça-feira (21/10) no Cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Histórico de violência
Segundo a PM, Matheus contou que Christina havia pedido que ele deixasse a casa onde moravam, pois queria encerrar o relacionamento. O suspeito, inconformado, reagiu com violência. Ele possui diversas passagens pela polícia, incluindo crimes de roubo, furto, tráfico de drogas, lesão corporal e ameaça.
Ativista e referência comunitária
Christina Maciel era reconhecida pelo trabalho como mobilizadora social e agente de educação popular em saúde, atuando em projetos voltados à inclusão e ao cuidado de pessoas trans e travestis. Mulher preta e periférica, ela era vista como uma referência comunitária e uma voz ativa na defesa dos direitos humanos e da diversidade.
A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) lamentou o crime nas redes sociais, destacando a violência sofrida pela vítima.
“Ontem, após eu publicar um vídeo de uma trans assassinada em BH, descubro tragicamente que essa trans era Cris. As imagens são traumáticas, virulentas, violentas. Dizem os jornalistas que ela foi morta em espaço público pelo ex-companheiro que não aceitou o fim do relacionamento. Transfeminicídio”, escreveu a parlamentar.
O caso gerou grande comoção nas redes sociais e entre movimentos de defesa dos direitos LGBTQIA+, que cobram justiça e políticas públicas de proteção às mulheres trans.